Sexta é dia de sarau para Patrícia Galvão
Em sua segunda edição, Sarau Heróis da Liberdade homenageia a escritora e jornalista autora de "Parque Industrial"
Patrícia Galvão, a Pagu, será a homenageada da segunda edição do Sarau Heróis da Liberdade, que acontece nesta sexta-feira (20), a partir das 18 horas, na Associação Cultural José Martí da Baixada Santista, na Rua Sergipe, 15, Casa 2, no Gonzaga, em Santos. A entrada é gratuita.
A atividade, uma parceria da José Martí com Instituto Telma de Souza e o Instituto Caiçara, vai contar com uma apresentação do músico Luiz Cláudio e uma fala da procuradora municipal de Cubatão Paula Ravanelli, diretora da José Martí e integrantes da Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD). O bar da casa estará aberto para a compra de bebidas e lanches, assim como a livraria Celia Sánchez.
Em um texto a ser apresentado durante o encontro, Ravanelli encanta-se com a homenageada:
Lutou pela cultura como direito do povo.
Fundou bibliotecas itinerantes.
Escreveu para jornais alternativos.
Fez campanha política,
lançou candidaturas femininas numa época em que isso soava como heresia.
Entre uma peça e um panfleto, entre uma dor e uma esperança,
Pagu nunca deixou de provocar.
Muito mais do que "musa do modernismo" (expressão que costuma limitá-la a seu papel de esposa de Oswald de Andrade), Patrícia Galvão foi uma pensadora da cultura e da Literatura, tendo sido uma das primeiras vozes na imprensa brasileira a tratar de nomes como Italo Calvino, Pínio Marcos, Gilberto Mendes e Clarice Lispector. Foi por meio de uma tradução que ela fez da versão em francês que um trecho do romance Ulysses de James Joyce foi publicado pela primeira vez no Brasil. Traduziu também Blaise Cendrars e Paul Valery e publicou seus poemas em A Tribuna. Seu romance Parque Industrial tem uma linguagem inventiva e achados narrativos que mantêm o livro ainda moderno.
A diretora de Direitos Humanos da José Martí, Gabriela Ortega, é taxativa:
Pagu não foi ícone. Foi revolução. Patrícia Galvão, nossa Pagu, foi mulher insubmissa, comunista, feminista combativa, escritora de trincheira, jornalista da luta e da rua. Não cabe em moldura, nem em homenagem despolitizada.
Gabriela Ortega
Ela destaca que em Parque Industrial (1933), assinado sob o pseudônimo Mara Lobo, Patrícia Galvão “denunciou a exploração das operárias quando ainda era perigoso demais ser mulher e socialista”.
Parque Industrial
A José MArtí indica esta edição de Parque Industrial da Editorial Linha a Linha, de 2018, com apresentação de Augusto de Campos que lembra que a autora não tinha sequer completado 23 anos quando as bombásticas páginas encadernadas às pressas eram distribuídas pela primeira vez, na virada do ano de 1932 para 1933.
É também a primeira edição crítica da obra. Além do texto original do romance de Pagu, a nova edição vem acompanhada de riquíssimas notas explicativas elaboradas por Antoine Chareyre, tradutor da edição francesa e pesquisador da literatura modernista brasileira. As notas situam a leitura no contexto histórico da época e, por vezes, também na própria biografia de Pagu.
Dois posfácios, em primeira tradução para a língua portuguesa, fazem desta uma edição imprescindível para os estudiosos do romance e de sua autora: o primeiro deles, escrito por Antoine Chareyre, foi publicado originalmente com a edição francesa e o segundo, um ensaio crítico de Kenneth David Jackson, acompanhou a edição estadunidense da obra.