Exclusivo: Conheça a declaração final da Convenção de Solidariedade com a Palestina
Newsletter traduz resumo do documento entregue ao governo da África do Sul nesta quarta-feira (6); acompanhe também os relatos dos diretores da José Martí na Convenção
Principais pontos da declaração de encerramento da Quinta Convenção Global para a Solidariedade com a Palestina na África do Sul
Traduzido do site da convenção (leia o original em inglês aqui).

O segundo dia da Quinta Convenção Global para a Solidariedade com a Palestina encerrou os seus workshops em meio a uma ampla participação global, com a declaração final proferida pelo neto do falecido combatente pela liberdade Nelson Mandela [Nkosi Mandela], na qual afirmou total apoio e absoluta solidariedade com a Palestina e seu povo no enfrentamento a uma entidade usurpadora.
A declaração exige a necessidade da interrupção imediata e incondicional da guerra nazi-sionista e dos massacres contra o povo palestino. Apela também a todos os ativistas políticos e à comunidade internacional para que parem o conflito na Palestina.
Apela também à confrontação legal do Estado Sionista, seja em tribunais internacionais ou nacionais, devido aos seus crimes na Faixa de Gaza, enfatizando o lançamento de muitas atividades e iniciativas para acabar com o cerco à Gaza.
A declaração continua: o mundo inteiro deve aprender com a lenda da luta, Nelson Mandela, assegurando a necessidade de ligar a luta na África do Sul contra a política do apartheid com a resistência do povo palestino à entidade usurpadora.
Afirmou que deve haver foco e desenvolvimento de meios de comunicação entre organizações da comunidade humanitária internacional e a necessidade de organizar conferências ao longo do ano, a fim de apoiar a causa palestina, e coordenação entre influenciadores nas redes sociais para expor os crimes em curso da entidade sionista contra civis e indefesos.
Em conclusão, a declaração estendeu as saudações dos participantes ao firme e resistente povo palestino.
Delegação brasileira
A diretora de Direitos Humanos da José Martí, Gabriela Ortega, conta que a declaração foi entregue à representante do governo sul-africano durante solenidade em Pretória, sede do governo da Áfrico da Sul, a 72 quilômetros de Joanesburgo, onde ocorreu a convenção, junto à estátua de nove metros de altura de Nelson Mandela. “Fizemos uma marcha, colocamos flores na estátua e, em seguida, houve a entrega do documento por Nkosi Mandela à representante do governo”.
Gabriela continua: “Na noite anterior tivemos uma reunião importante com participantes da América Latina e língua espanhola (estamos todos no mesmo hotel) e com a organização da Campanha para que cada um/uma fizesse sua avaliação sobre o evento, contasse como está a solidariedade em seu país e apresentasse propostas para o período até a próxima convenção”. Um documento conjunto está sendo elaborado para ser enviado à coordenação da Campanha Global pelo retorno à Palestina, cujo ponto principal é o cessar fogo, a preocupação com os feridos e a contribuição específica de cada país da região.
MST doa alimentos
O diretor de Relações Internacionais da José Martí Marcelo Buzetto, que, ao lado de André Dutra, representa também o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST na Convenção, apresentou no evento um balanço das mobilizações nas ruas de várias cidades do Brasil em solidariedade com a Palestina e a iniciativa do MST de organizar a doação de 100 toneladas de alimentos para Gaza com apoio do governo do Brasil. Até o momento duas toneladas já foram enviadas através do Egito.
Buzetto explica o que é a Campanha Global pelo Retorno à Palestina, que organiza a Convenção, que existe desde 2014 com início de atividades no Líbano, país onde Israel sofreu derrotas, tanto no campo político como no militar:
”O objetivo original da Campanha é resgatar a importância da Resolução 194 da ONU, que trata do direito de retorno dos refugiados palestinos. Somente entre 15 de maio 1948 (data que lembra a fundação do Estado de Israel) e 15 de dezembro de 1949 surgem 750 mil refugiados, resultado da política de genocídio, limpeza étnica e apartheid imposta pelo chamado ‘Estado Judeu’. Além de divulgar essa reivindicação inalienável do povo palestino, a Campanha Global hoje se dedica à organizar diversas formas de solidariedade concreta às famílias palestinas que resistem cotidianamente ao colonialismo israelense”.
A Convenção realizada entre 3 e 5 de dezembro reuniu em Joanesburgo, África do Sul, cerca de 150 representantes e amigos da Campanha Global da Ásia, África, Oceania e América (América do Sul, EUA, Canadá) que se reuniram para ouvir análises, depoimentos e fazer propostas sobre a solidariedade com a Palestina, especialmente Gaza.
“Essa Convenção da Campanha Global pelo Retorno à Palestina teve um caráter especial por causa da presença ativa de Nkosi Mandela, deputado pelo Congresso Nacional Africano e neto de Nelson Mandela. Ele abriu o evento afirmando o que Madiba (Nelson Mandela) sempre disse: ‘a libertação da África do Sul sempre estará incompleta enquanto não houver a libertação da Palestina do colonialismo israelense!'", destaca Buzetto.
Representantes dos partidos Congresso Nacional Africano CNA e Partido Comunista da África do Sul SACP falaram da história das mobilizações populares e da resistência armada contra o apartheid, que adotou políticas de intensa repressão e violência contra a população negra do país. Nelson Mandela, após cumprir 27 anos de prisão, acabou presidente de seu país entre 1992 e 1994.
Avaliação
Em mensagem para os integrantes da José Martí, Buzetto avalia a declaração final: “A V Convenção da Campanha Global pelo Retorno à Palestina termina com a elaboração de um documento que defende o cessar fogo imediato, o fim dos bombardeios israelenses, a retirada das tropas de Israel de Gaza, o fim do bloqueio à Gaza e o direito do povo palestino à resistência diante do colonialismo israelense, como sempre fizeram todos os povos que desejam obter soberania nacional e independência.”
Ele cita a a presença de importantes lideranças de organizações da resistência anticolonialista e antiimperialista, além de parlamentares e representantes de governos, como o ex-ministro da Defesa da Grécia Costas Isihos, além da presença de lideranças religiosas cristãs, judaicas e muçulmanas.
Buzetto destaca a ação do governo da África do Sul: “A atividade ocorre num momento simbólico e histórico para a luta contra o colonialismo israelense, pois a África do Sul rompeu relações com Israel, expulsou o embaixador e fechou a Embaixada, numa ofensiva diplomática contra Israel após os bombardeios contra civis em Gaza, especialmente após o conhecimento da quantidade de crianças mortas, dos bombardeios de escolas e hospitais, do assassinato de jornalistas e funcionários da ONU. A posição sul-africana coloca o país na vanguarda da luta por uma paz justa e duradoura para o povo palestino”.
“Foi um encontro histórico, que vai alterar a qualidade da solidariedade internacionalista para essa justa luta do povo palestino por um mundo de paz, onde será possível a coexistência pacífica entre judeus, cristãos e muçulmanos, numa Palestina Livre, com direitos iguais, do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo”, finaliza o representante brasileiro, que é autor do livro A Questão Palestina: Guerra, Política e Relações Internacionais (Expressão Popular, 2015).
Abaixo, uma galeria de imagens da solenidade de entrega da declaração.



