Che Guevara e a luta do povo palestino é tema de encontro na José Martí neste sábado (14)
Homenagem ao líder revolucionário, assassinado em outubro de 1967, tratará de seu encontro com palestinos e suas ideias contra o colonialismo
Che Guevara e a luta do povo palestino: "o único caminho é a resistência" é o tema do encontro no próximo sábado (14) promovido pela Associação Cultural José Martí da Baixada Santista. A atividade começa às 18 horas, na sede da casa, na Rua Sergipe, 15, Casa 2, no Gonzaga, Santos, e terá à frente o diretor de Relações Internacionais da José Martí, Marcelo Buzetto, também integrante do MST. O encontro, com apoio do MST e da Campanha Cuba Vive e Resiste, é gratuito e, após a palestra, Buzetto responderá a perguntas dos participantes. Durante o encontro, a casa oferece bar, petiscos e a livraria Celia Sánchez estará com as portas abertas.

Diante de tanta desinformação sobre o conflito Palestina-Israel, a Associação Cultural José Martí da Baixada Santista promove um debate sobre a história e a vida de Che Guevara e sua influência na luta dos povos árabes contra o colonialismo, o imperialismo, o sionismo.
Buzetto falará sobre a visita de Ernesto Che Guevara a Gaza, Palestina, em 1959, ano da Revolução Cubana, após seu encontro no Egito com o presidente Gamal Abdel Nasser. A Palestina é um território que sempre foi colonizado, seja pelo Império Turco-Otomano até 1918, pela Inglaterra até 1948 e por Israel até hoje. Guevara sempre apoiou a luta do povo palestino contra o colonialismo israelense e, durante encontro com lideranças de campos de refugiados palestinos em Gaza, disse: "o único caminho é a resistência!"
E a Resistência Palestina enfrenta hoje, com muita determinação, o colonialismo, numa operação que visa libertar prisioneiros políticos que estão nos cárceres israelenses. Também tem como objetivo enfrentar a onda de repressão de Israel contra os palestinos que vivem na Cisjordânia e em Jerusalém. Os palestinos vivem, desde 1948, sob um regime de apartheid, de limpeza étnica, de genocídio, praticados pelo governo de Israel.
O exemplo de Che Guevara está presente hoje na Resistência Palestina. Cuba e Palestina, exemplos de resistência popular.
O Pensamento de Che Guevara
Buzetto lembra que Guevara foi grande entusiasta e organizador da Conferência Tricontinental, ocorrida entre 3 e 16 de janeiro de 1966, em Havana, Cuba. A conferência teve a presença de 500 delegados de 82 países e nela foi fundada a Organização de Solidariedade entre os Povos da Ásia, África e América Latina (OSPAAAL). Depois, foi organizar uma expedição revolucionária na África, com destaque para o Congo, uma combinação de luta anticolonialista, anti-imperialista, anticapitalista e antirracista, uma trajetória que deve ser estudada ainda hoje.
“Muitos usam Che Guevara no peito, pelo lado de fora, com imagens lindas numa camiseta. É preciso ter Che no coração e na mente, e conhecer sua história, suas lutas, sua coerência e sua contribuição para atualizar a teoria do Imperialismo, para analisar as relações internacionais e para elaborar táticas e formas de luta adequadas à realidade de cada povo e nação”, comentou Buzetto na última reunião de diretoria da José Martí, em 7 de outubro, quando foi definida a realização da atividade.
Morte na Bolívia
A data do encontro foi escolhida por ter sido em outubro de 1967 que Che Guevara foi assassinado, em La Higuera, na Bolívia, após ter sido capturado por um pelotão do exército boliviano e executado com uma rajada de fuzil.
Reportagem do Brasil de Fato de 2019 (leia aqui) conta que Che entrou no país a partir do Brasil. Ele chegou a São Paulo em 4 de novembro de 1966 e se hospedou em um hotel da região central, onde se reuniu com os militantes brasileiros Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira. Daqui partiu para a selva boliviana, onde treinou 47 combatentes. O grupo foi batizado de Exército de Libertação Nacional da Bolívia (ELN).
Após 11 meses de combate, no dia 8 de outubro, o Exército boliviano bloqueou todas as possíveis rotas de fuga do grupo liderado por Che, que acabou encurralado no fundo da quebrada de Yuro, uma pequena garganta com cerca de 300 metros de comprimento e 50 de largura.
Por volta das 13h30, ao tentar furar o cerco, o grupo de Che foi alvejado pelos militares da Bolívia. Quatro guerrilheiros foram mortos. Che ficou ferido. Embora 10 membros do contingente tivessem conseguisse fugir, metade acabaria morrendo nos dias seguintes.
Che e outros combatentes foram capturados, levados a uma escola em La Higuera, interrogados e executados em 9 de outubro.
Marcelo Buzetto
Doutor em Ciências Sociais PUC/SP, com Pós-Doutorado Unesp Marília-SP, é membro do Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais (NEILS), da PUC-SP. Foi professor no curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Fundação Santo André, orientando vários trabalhos de pesquisa sobre O pensamento político de Ernesto Che Guevara e as Relações Internacionais. É autor do livro A Questão Palestina: Guerra, Política e Relações Internacionais (Expressão Popular, 2015)), que pode ser adquirido na livraria Celia Sánchez.