Aniversário do Aníbal; festa na Martí
Associação Cultural José Martí festeja os 79 anos de luta de Aníbal Ortega, comandante da casa e terceira geração de uma família comunista
Para celebrar uma vida de lutas, a Associação Cultural José Martí da Baixada Santista promove neste sábado, dia 16, a festa de aniversário do Aníbal Ortega, fundador e atual presidente da associação. A festa começa às 17 horas no Sindicato dos Urbanitários, na Rua São Paulo, 26, Vila Mathias, em Santos. A festa tem também o objetivo de levantar recursos para a manutenção da associação.

Fundador da José Martí em 2012 e atual presidente, Aníbal Ortega está presente em todos os eventos de resistência na região à frente desta casa para promover o socialismo, a revolução e a solidariedade entre os povos.
A casa na Rua Sergipe
O endereço de sua casa na ficha do DOPS revela uma trajetória que confunde a vida familiar com a vida política. É ali na Rua Sergipe, nº 15, que fica atualmente a sede do José Martí. Quem já teve a experiência de conversar um pouco com o presidente da casa provavelmente já deve ter ouvido alguma história envolvendo ações comunistas em torno do endereço que confunde a história da família e do comunismo na cidade. Completando 79 anos em 2024, Aníbal é o representantes da terceira geração de uma família de comunistas. Seu avô foi fundador do PCdoB em Santos em 1922, ano da criação nacional do partido.
Ato político
Representando a quarta geração da família, a filha de Aníbal, Gabriela Ortega, advogada popular e diretora de Direitos Humanos da José Martí, fará ato de filiação ao Partido dos Trabalhadores.
Perfil
Também não é o caso de hagiografia, apenas de constatar que sua luta é pela dignidade humana. Aníbal Ortega é também um homem comum, está há meses na fila do SUS para fazer um exame e outro dia caiu na calçada por causa dos buracos da administração municipal, o que só mostra que a luta ocorre no dia-a-dia em todas as esferas da sociedade.
Aníbal foi comerciante em Cubatão por muitos anos, militou 52 anos do PCB, construindo o partido na região desde sua juventude. Foi preso e torturado pela ditadura na década de 1970. Após a redemocratização, participou da fundação da União Cultural Brasil-URSS, que, através da cultura soviética, discutia o socialismo. Ao romper com o partido, organiza com outros camaradas o grupo Arma da Crítica e, em 2012 funda a Associação Cultural José Martí da Baixada Santista, espaço cultural criado em solidariedade ao povo cubano que reivindica o fim do bloqueio econômico contra Cuba.
Em 20 de outubro de 2023, em sessão na Câmara Municipal de Santos alusiva ao Dia da Cultura Cubana, Aníbal Ortega defendeu a presença de médicos cubanos no Brasil: “Diferente dos Estados Unidos, Cuba não espalha bombas, espalha solidariedade. O que aconteceu lá foi uma revolução não só para os humildes de Cuba, mas para os humildes de todo o mundo”.
O próprio Aníbal tem afirmado que a festa não é só para comemorar seu aniversário, mas também para colaborar com a manutenção da José Martí.
Minha vida se confunde com a vida da Associação. Estou no fim da minha jornada, mas continuo lutando.
Aníbal Ortega, 20 de outubro de 2023, Dia da Cultura Cubana
Aníbal Ortega voltará à Câmara Municipal de Santos em 19 de abril quando receberá a Medalha Brás Cubas por indicação da vereadora Débora Camilo.
Festa numa hora dessas?
Em sua carta semanal publicada em 7 de março no site do Instituto Tricontinental, o historiador Vijay Prashad afirma que “Haverá leitura, canto e dança mesmo nos tempos mais sombrios”.
Dezenas de milhares de pessoas foram mortas e feridas e milhões foram deslocadas em Gaza e nas proximidades de Goma (República Democrática do Congo). Nesses dois lugares, a demanda imediata deve ser o fim da violência, mas, paralelamente a ela, há a necessidade de acabar com a raiz dessa violência (pondo fim à ocupação da Palestina). Quando há conflitos desse tipo, ficamos presos no presente, incapazes de pensar no futuro. Cada vez mais, a deterioração da vida cotidiana, com a fome assolando grande parte do planeta, tornou impossível sonhar com outro mundo. As exigências de Gaza, Goma e dezenas de milhares de lugares em todo o mundo são as mesmas: menos bombas, mais pão.
E o intelectual completa:
No entanto, mesmo nos momentos mais sombrios, os seres humanos buscam alegria e promessas de dias melhores, procurando um horizonte que não esteja limitado pelas mazelas imediatas da vida.
Vijay Prashad, “Haverá leitura, canto e dança mesmo nos tempos mais sombrios”
Os “tempos sombrios” fazem referência direta a Homens em tempos sombrios, livro que reúne 11 perfis biográficos publicados pela filósofa Hannah Arendt em 1968 sobre homens e mulheres que viveram na primeira metade do século XX. O recado é seguinte, se esperarmos o fim dos tempos sombrios para festejar, nunca dançaremos.
Em seu texto, Prashad lembra das comemorações em 21 de fevereiro do Dia do Livro Vermelho, que reuniu algo como 500 mil pessoas da Indonésia ao Chile, da Venezuela a Índia, do Timor Leste a Cuba, que realizava a Feira do Livro de Havana, que reservou o 21 de fevereiro, data da publicação em 1848 do Manifesto Comunista, para uma programação especial.
Abaixo, algumas imagens de artistas brasileiros sobre o Dia do Livro Vermelho, data que a José Martí passa a celebrar em suas futuras edições:


